Vamos Falar de Futebol

Priss Guerrero/ agosto 11, 2015/ Conversa Fiada

ROCK ON caros leitores!

Hoje eu vou revelar dois segredos pra vocês:

Eu, Lucas Balaminut, sou torcedor maluco do Corinthians. Desde que me mudei para o EUA, a mais ou menos 7 anos, faço de tudo para não perder nenhum jogo. Também vou ao estádio sempre que visito a pátria amada salve salve.

Além disso, sou maluco por estatística. Adoro ser surpreendido pelas revelações de uma análise!
Quem lê isso vai achar que estatística tem plot twist de novela mexicana… pra mim, tem!

Logo, é instintivo deste bixo Corinthiano que sou misturar alhos com bugalhos! Recentemente, estou bastante irritado com a postura do meu time em campo. O Timão tem um dos melhores times do Brasil, mas mesmo assim gosta de equilibrar a partida, nivelar por baixo, dar chances pro adversário em vez de exercer suas vantagens.

Várias vezes vi o time do Seu Adenor dominar o jogo. Ralf, o cachorro louco, Bruno empaca foda Herique e Elias, nego do borel, garantem o mando de bola pro time; Renato Lesionado Augusto e JadShow envolvem o adversário com seu tike-taka. O Todo Poderoso também vence pelos lados: Uendel e Fagner, anão de jardim, são bons defensivamente, melhores ainda na ofensiva. A defesa de Gil e Felipe é uma muralha e, nas raras vezes que o adversário passa, o Cássio-Cara-de-Carranca tranquilamente tapa o gol.

Porém, o seguinte padrão rege o comportamento do time: logo depois de abrir o placar, todos os jogadores recuam pra defesa, convidando o oponente a atacar a vontade, apostando nas habilidades defensivas do time.

POR QUE MEU DEUS ESSA RETRANCA TODA?

Já que o time joga tão bem, não seria melhor fazer o segundo gol, até quem sabe o terceiro, e matar o jogo?
Recua mais Tite, recua que tá pouco. Aliás, por que não colocar todos os jogadores em uma barreira na linha do gol? ¬¬

Recorrentemente, o adversário aproveita o espaço dado e empata o jogo. Depois é um desespero, barata vôa, corre pa capá, todo mundo tentando atacar de forma desorganizada pra retomar a liderança. Todavia, o time já está cansado a essa altura, defender é uma correria, e as substituições de Tite já retiraram jogadores ofensivos.

Ministério da saúde adverte: empatite causa perda de pontos e, em casos graves, o infectado pode perder o campeonato.

Então, venho mostrar que, para ganhar ser campeão, o time precisa vencer.
Esta análise é compeltamente simplista para que meus amigos futeboleiros não reclamem. Observem a tabela que resume os dados dos últimos 6 campeões:

Ano Campeão Pontos Vitórias Empates
2014 Cruzeiro 80 24 8
2013 Cruzeiro 76 23 7
2012 Fluminense 77 22 11
2011 Corinthians 71 21 8
2010 Fluminense 71 20 11
2009 Framengo! 67 19 10

campeão do brasileirão fez em média:

(80+76+77+71+71+67)/6 = 73.67 ~ 74 pontos.

É possível ver que, ano após ano, o campeão tem tido maior número de pontos. Em 2009, Flamengo ganhou com 67 pontos. Já em 2015, o Cruzeiro ganhou com 80 pontos. Então, assumindo essa progressão natural, e também assumindo que a campanha do Cruzeiro foi excepcional, acho justo estipular que o campeão precisa de pelo menos 77 pontos pra garantir sua vitória (67.5% aproveitamento).

Dessa maneira, se um time vencer todos os jogos em casa e empatar todos os jogos fora de casa, não seria campeão, pois faria apenas:

19*3 + 19*1 = 19*4 = 76 pontos.

Agora vamos relaxar o pressuposto de que o time não perdeu nenhum jogo, já que isso é completamente impraticável em um campeonato com 38 jogos pra cada time. Cada campeão dos últimos 6 brasileirões teve

(24+23+22+21+20+19)/6 = 21.5 vitórias:

Observe que a cada ano a quantidade de vitórias do campeão sobe exatamente 1.

Agora a média de empates:

(8+7+11+8+11+10)/6 = 9.166… ~ 9 empates.

Observe a falta de progressão linear: talvez o número de empates do campeão vem caindo, talvez não. Fica difícil dizer olhando apenas os últimos 6 campeonatos. Mas ainda sim podemos observar um outro padrão: os campeões que mais pontuaram tiveram menos empates e mais vitórias.

Tudo isso nos leva as seguintes conclusões:

1. Mais que garantir o jogo em casa, o time tem que ganhar vários jogos fora de casa pra compensar as derrotas e passar dos 76 pontos. Empatar fora de casa não é o suficiente. Se o time almeja ser campeão, só a vitória interessa.

2. Quanto maior os pontos conquistados, mais vitórias e menos empates foram conseguidos; ou seja, os times apostaram em arriscar mais: mesmo podendo transformar um empate em uma derrota, a chande de vitória vale a pena.

3. O sistema que da 3 pontos pra cada vitória e 1 ponto pra cada empate realmente faz com que os times tentem arriscar mais, beneficiando o espetáculo do jogo: uma estratégia agressiva e arriscada vale mais a pena que uma estratégia equilibrada.

Consideração final: o Tite é um excelente técnico, mas se ele não tirar a mentalidade da retranca do time, não tem como ser campeão, visto que em mais da metade dos jogos que o Corinthians vai pra retranca, o time também toma o empate.

Como o Agente Smith da quebrada diria:

Why, Tite? Why, why? Why do you do it? Why, why recuar? Why apenas defender? Do you believe you’re retrancando… for something? For more than your survival? Can you tell me what it is? Do you even know? Is it vitória? Or truth? Perhaps empate? Could it be for garantir fora de casa? Illusions, Tite. Vagaries of perception. Temporary constructs of a feeble human intellect trying desperately to justify an existence that is without meaning or purpose. And all of them as artificial as the retranca itself, although… only a human mind could invent something as insipid as retranca. You must be able to see it, Tite. You must know it by now. You can’t win. It’s pointless to keep retrancando. Why, Tite?
Why? Why do you persist?

Então vamos todas canalisar nossas forças pra juntar uma Genki Dama ofensiva pro Timão:

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